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ONDE CAÇADORES E PRESAS SE ESCONDEM: A CAÇA, DE MANOEL DE OLIVEIRA (1963)

PÚBLICO - PÚBLICA, O MEU OLIVEIRA FAVORITO, 7 de Dezembro de 2008

 

 

Dois rapazes andam à deriva. Brincam e lutam, primeiro pelas ruas de uma pequena cidade, depois pelo campo.

Das ruas da cidade só vemos camionetas, portões e fachadas, paredes desfeitas, quase ruínas.

 

O campo d'A Caça é uma máquina-de-ocultar (como a casa d'O Passado e o Presente, seu filme gémeo falso, é uma máquina-de-espreitar), onde os caçadores e as suas presas se escondem, onde um dos rapazes, desorientado, não consegue não consegue descobrir o amigo afundado no pântano, onde todos os gritos de socorro se perdem.

Feitas pela mão dos homens, só duas ou três coisas: algumas espingardas, uma fisga, um comboio. O resto é terra, sangue e lama.

Paulo Mendes da Rocha, o arquitecto, disse uma vez: "A natureza é o horror, pois se não for vista de uma janela é assustadora!" Vista num ecrã de cinema pode ser ainda mais terrível.

José Neves

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